Voltar para Artigos |
Quando os países disputam lugar no ranking mundial dos
mercados financeiros e o nosso Governo, por pressões externas e razões
internas, está impossibilitado de atender às premências
elementares do povo brasileiro, sentimo-nos como peões de um jogo que
se desenrola num cenário distante de nossas necessidades básicas,
como educação e saúde para nossos filhos. Por mais que a situação pareça insolúvel,
a saída existe. As organizações responsáveis pelos
artigos que o povo brasileiro consome podem ter um papel decisivo na diminuição
do número dos brasileiros social e economicamente excluídos. Não
só devido à necessidade de seguirem a tendência mundial
de investir na responsabilidade social, no consumo sustentado, na ética
nas relações de trabalho e qualidade de vida nas comunidades em
que operam, mas também para defender seu próprio mercado, conquistando
maior número de consumidores. As escolas e, principalmente, as universidades
também têm a sua parcela de responsabilidade. A atual conjuntura , em que a globalização impõe
às empresas grande atenção aos seus clientes internos e
externos , sob o risco de não sobreviverem a competição
mundial, é o momento ideal para o estabelecimento de planos e programas
que possam ser desenvolvidos pelas empresas privadas, com ou sem parceria com
a administração pública, e que façam crescer e profissionalmente
nossa população, com atenção especial para a qualificação
dos excluídos social e educacionalmente. As organizações, para se desenvolverem, precisam
de ambientes com qualidade e clientes (internos e externos) satisfeitos . As
organizações que terão sucesso na competição
do mundo globalizado, certamente serão aquelas que valorizam as pessoas.
E para contribuírem socialmente, as pessoas precisam ser respeitadas,
individualizadas e qualificadas. Não podem ser consideradas apenas como
estatísticas, números. Investir em educação significa muito mais do
que alfabetizar indivíduos ou capacitá-los em uma profissão.
Já não basta ao trabalhador, mesmo aquele de uma linha de produção,
entender corretamente um manual. As empresas necessitam de trabalhadores com
raciocínio criativo , que saibam identificar problemas e apresentar soluções,
enfim, que contribuam para o aperfeiçoamento de toda a produção
e sejam cidadãos ativos, dentro e fora do ambiente de trabalho. Enquanto no mundo todo ninguém mais discute que a qualidade
das pessoas é o grande diferencial para o desenvolvimento das organizações
e da sociedade, no Brasil, o maior desperdício é, justamente,
o do potencial humano. Desperdiçamos, nos bancos escolares e nas universidades,
mesmo sem nos dar conta , a contribuição que poderia ser o fator
de mudança da qualidade de vida em nosso País. Um desperdício
que se dá em duas frentes. A primeira é a da própria exclusão
educacional, que empurra para o mercado de trabalho, ou muito pior, para as
ruas, milhares de crianças e jovens que deveriam estar nas escolas. A
segunda é causada pelo baixo nível do ensino, sobretudo na rede
pública de 1º e 2º graus e em muitas faculdades privadas. Este último
problema impede que o estudante chegue à idade adulta como brasileiros
conscientes e interessados em reduzir as mazelas sociais de nossa população.
A conjuntura favorável (competição por
maiores e melhores mercados consumidores) não pode ser desperdiçada.
É o momento para que as organizações comecem a fazer o
que o Governo não está conseguindo. Elas têm os meios e
os fins. Tudo endossado pela sociedade de informação em que vivemos.
Portanto, mãos à obra! A sociedade já se movimenta nesse sentido. Temos que
traduzir em ações, o mais rápido possível, os anseios
e o discurso das organizações sem fins lucrativos do terceiro
setor, assim como temos de elaborar projetos para que as organizações
dos demais setores da economia, na busca de seu desenvolvimento, proporcionem
educação básica , conhecimento e qualidade de vida para
todos os brasileiros.
Maria Ignez Prado Lopes Bastos